As taxas de juros médias cobradas pelas instituições financeiras no cartão de crédito rotativo e no cheque especial continuaram próximas de 300% ao ano em abril, segundo informações divulgadas pelo Banco Central (BC) nesta quarta-feira (29).
O juro médio do cartão de crédito rotativo para pessoas físicas caiu de 299,4% ao ano, em março, para 298,6% ao ano, em abril deste ano.
Já a taxa média do cheque especial, de acordo com a instituição, avançou de 322,7% ao ano, em março, para 323,3% ao ano, em abril de 2019.
Os juros bancários da economia, fixados pelo Banco Central a cada 45 dias para controlar a inflação, estão na mínima histórica de 6,5% ao ano desde março do ano passado.
A inadimplência, que segundo o Banco Central também influencia os juros cobrados pelos bancos, ficou estável em 3% em abril, mesmo patamar de março. No caso das pessoas físicas, continuou em 3,4% e, das empresas, avançou de 2,5% para 2,6% de março para abril.
O crédito rotativo do cartão de crédito pode ser acionado pela pessoa que não pode pagar o valor total da sua fatura no vencimento, mas não quer ficar inadimplente. Para usar o crédito rotativo, o consumidor paga qualquer valor entre o mínimo e total da fatura. O restante é automaticamente financiado e lançado no mês seguinte, com juros.
O cheque especial é uma linha emergencial que permite ao correntista gastar um certo limite definido pelo banco, mesmo que ele não tenha dinheiro na conta. Mas esta facilidade custa a ele juros mais altos.
Juros Bancários Elevados
As taxas de juros do cartão de crédito e do cheque especial ainda seguem elevadas na comparação com outros países e também com outras linhas de crédito ofertadas pelos bancos.
Segundo especialistas, o rotativo do cartão e o cheque especial só devem ser utilizados em momentos de emergência e por um prazo curto, devido ao seu alto custo.
A recomendação é que os clientes substituam essas modalidades por linhas mais baratas, como, por exemplo, o crédito consignado, em que as prestações do empréstimo são descontadas da folha de pagamentos.
Juros bancários elevados inibem o consumo e também os investimentos na economia brasileira. Esse é um dos problemas, segundo economistas, a serem enfrentados na economia pela gestão do presidente Jair Bolsonaro.
Dados do BC mostram que os cinco maiores conglomerados bancários do país detinham, no fim de 2018, 84,8% do mercado de crédito no fim de 2018. Esse cálculo engloba os bancos comerciais, os múltiplos com carteira comercial e as caixas econômicas.
No ano passado, a rentabilidade dos bancos brasileiros ficou no maior patamar em sete anos, e que o lucro líquido dos bancos somou R$ 98,5 bilhões e, com isso, bateu recorde da série histórica, que começa em 1994.
O economista Roberto Campos Neto, antes de ter seu nome aprovado para comandar o Banco Central, avaliou que o sistema bancário brasileiro não é mais “concentrado” do que em outras economias desenvolvidas, e acrescentou que os bancos do país também são competitivos. Ele também disse que atuará ‘fortemente’ para reduzir ‘spread’ e juros bancários.
Juros Bancários Médios
De acordo com o BC, houve pequena queda nos juros médios das instituições com recursos livres (sem contar BNDES, crédito rural e imobiliário) em março.
a taxa média total (pessoa física e jurídica) passou de 39% ao ano, em março, para 38,9% ao ano em abril.
os juros nas operações com pessoas físicas passaram de 53,8% ao ano, em março, para 53,6% ao ano, em abril.
a taxa cobrada das empresas subiu de 19,8% ao ano, em março, para 19,9% ao ano em abril.
Spread Bancário
Com a queda dos juros médios de todas as operações das instituições financeiras, o chamado “spread bancário” (diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e o que cobram de seus clientes) também apresentou recuo em abril.
No caso das operações com pessoas físicas e com empresas, o “spread” passou de 31,6 pontos percentuais, em março, para 31,4 pontos em abril deste ano. Com isso, o spread bancário segue em patamar elevado para padrões internacionais.
O “spread” é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.
Fonte: G1